365 dias de home office
Não é um ano. São 365 dias. Não sei vocês, mas eu já não consigo distinguir o que é dia de semana, final de semana ou feriado.
Estamos completando um ano em que muita gente foi trabalhar de casa. E estudar em casa.
Para muitos, não foi uma escolha, foi uma imposição. Do vírus. Das prefeituras. Das empresas. Das condições sociais.
E o que era novidade, virou rotina. Tudo mudou. Tudo se misturou. Passamos a trabalhar não só de casa. Mas com a casa.
É o porteiro que toca, o filho que entra, a cozinha que nos chama.
Só precisamos de uma tela, em qualquer canto da casa, ou do mundo, para cumprir com nossas tarefas.
Mas aí surge também a fadiga da tela. É uma reunião colada na outra.
Já não respeitamos nossos horários de almoço, jantar, descanso, nem os outros respeitam.
Se para alguns virou sinônimo de flexibilidade, para outros virou um inferno.
Acabou a “frieza” dos escritórios. Em casa, nos mostramos mais como humanos que somos.
Em cada reunião, aparece um pouco da pessoa real. Ficamos mais transparentes.
Em casa todos vão saber algo mais, a partir do espaço que escolhemos ou do quadro que está na parede.
Outro dia, em plena reunião, minha filha entrou no escritório e lascou: “Papai, pode trocar minha fralda?”.
Todos da reunião riram afetuosamente.
Ficou bem mais exigente limitar o que é trabalho e o que é pessoal. Família, estudo, lazer, tudo está no mesmo lugar.
E haja disciplina para regrar esta mistura!
A pergunta que não quer calar: com esse novo ritmo, ganhamos produtividade?
Por um lado, não perdemos tempo no trânsito. Por outro, não paramos de trabalhar ou de nos ocupar.
Essa sensação de constante ocupação, com as tarefas domésticas ou com as de trabalho,
muitas vezes nos dá a falsa sensação de produtividade. Em grande parte do dia estamos mais ocupados do que realmente produzindo.
Isso não é uma característica só desse tempo. Mesmo antes da pandemia algumas empresas já vinham olhando para isso.
Muitas reuniões e baixa produtividade. É preciso ter consciência que esse modelo veio para ficar para muitos de nós.
Diante disso, como podemos fazer para seguir de forma saudável, respeitando nossos limites, com um ritmo saudável de vida?
Tivemos aí um ano de ensaio. O que funcionou? O que desejo mudar? Perguntas que se fazem necessárias nesse momento.
Ter consciência de que se você não tem agenda, você se torna a agenda do outro. Quais são as suas prioridades?
Como nos aproximamos, mesmo distantes? Nossa entrega está mais humana, com propósito? Ou mais distraída e inconsistente?
O que vai acontecer quando voltarmos ao não-normal que virá? Você está trabalhando de casa ou morando no trabalho?
Como eu desejo me fazer feliz trabalhando para viver e não vivendo para trabalhar?
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