Ou muda ou morre
“Em uma era de mudanças incansáveis, uma empresa sobrevive e prospera com base não em seu tamanho ou desempenho em um determinado momento, mas em sua capacidade de se reposicionar para criar um novo futuro e aproveitar uma missão orientada a propósitos para esse fim. É por isso que a transformação estratégica pode ser o imperativo de liderança nos negócios do século XXI”. Essa é uma das conclusões de um estudo que acaba de sair pela Harvard Business Review, uma das principais revistas de negócios do mundo. Analisaram centenas de empresas do mundo e se fixaram em 20 das maiores transformações de negócios na última década. Entre elas, gigantes como Netflix, Amazon, Phillips, Siemens, Microsoft e Alibaba. Três aspectos foram analisados: 1) a criação de novos produtos, serviços ou modelos de negócios; 2) as adaptações de seus negócios tradicionais às mudanças; 3) o que fizeram para voltar a crescer. Dentre as empresas que se remodelaram só encontraram 3% de empresas públicas. O que levou essas empresas de volta ao sucesso? “Inserir um objetivo mais alto na cultura que orienta as decisões estratégicas, dando clareza às tarefas cotidianas”. A Netflix deixou de distribuir conteúdos produzidos por outras empresas, para se tornar uma das maiores produtoras de conteúdo original, ganhando Oscars, deixando de competir com a Apple, Sky, Amazon, Sony, Google e Microsoft. Com isso lucrou 32 vezes mais. Outra que mudou foi a Philips. Desinvestiu em iluminação, para entrar em tecnologia da saúde. Já a Siemens, em vez de maximizar o valor aos acionistas, adotou como missão servir à sociedade. Descentralizou as decisões, para que funcionários tenham participação no sucesso futuro. Saiu de óleo e gás, para indústrias digitais, infra-estrutura inteligente, eficiência energética e mobilidade de veículos elétricos. Entre nós, um bom exemplo é a Randon. Falando o presidente Daniel Randon, ele me disse que, em 2016, a crise fez seu mercado despencar. A indústria de caminhões brasileira chegou a uma ociosidade de 75% e a de reboques reduziu sua produção para ⅓. A Randon reduziu sua estrutura de 12.000 funcionários para 7.000, passou a ouvir mais os clientes, introduzindo soluções mais práticas e baratas, mudou seu mindset, passou a trabalhar com suas 15 empresas em regime de coworking, criou um centro de tecnologia, um instituto de fomento à inovação, 30 startups, se juntou a outras grandes empresas da serra gaúcha para colaborarem entre si. Está chegando aos 12.000 funcionários de novo e vai ter este ano um recorde histórico de faturamento. Uma declaração importante aparece no meio desse estudo da HBR: 180 CEOs de grandes empresas afirmam que “servir aos acionistas não pode ser mais o principal objetivo de uma corporação. Ao contrário: precisa servir à sociedade, através da inovação, comprometimento com ambientes saudáveis e oportunidades econômicas para todos”. Quantas empresas gaúchas estão se ocupando da criação do seu futuro com esse novo mindset?
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