Testemunhas do horror – Esperando o meu dia chegar!

Testemunhas do horror – Esperando o meu dia chegar!

Nesta semana, conversando com um amigo brasileiro que mora em Portugal ele me contou que se hoje a gente diz que é brasileiro, o português dá um tapinha nas costas e diz: “sinto muito”! E pensar que já fomos um dos povos mais admirados do mundo! Diante da situação de horror que vivemos, não temos muitas escolhas. Uns negam completamente. Para esses, as UTIs não estão lotadas e as mortes são quase uma decorrência natural de mais uma doença que surgiu. Por isso, não devemos nem tomar vacina. Para outros, tudo vai passar e vamos sair bem depois do que nos aconteceu. Uma espécie de reorganização da paisagem.

 

E temos aqueles, como eu e muitos que considera de bom senso, para quem estas saídas não estão disponíveis. O que nos resta é um caminho amargo: olhar o tempo nos olhos. Estar presente e se manter ativo, tentando encontrar alguma alegria e alguma esperança. Mesmo diante do show de horrores que presenciamos a cada dia! E do tanto de medo que esta tragédia provoca e que muitos estão verbalizando. Sentir medo faz parte do comportamento humano desde a época das cavernas e ajuda a nos manter vivos.

 

Diante do medo, fugimos, lutamos ou paralisamos. No caso brasileiro, paralisamos. Lya Luft escreveu outro dia: “Estamos todos na fila”. A cada minuto, alguém deixa esse mundo para trás. Não sabemos quantas pessoas estão na nossa frente. Não dá para voltar para o fim da fila. Não dá para sair da fila, nem evitar. Então, enquanto esperamos a nossa vez vamos valorizar cada momento vivido aqui na terra. Tenha um propósito. Motive pessoas! E a Lya segue.

 

Fiquei pensando: diante de tanta falta de planejamento, de perspectivas, de exemplos, porque ficamos tão passivos? Estamos chegando a três mil mortes por dia! Lembro quando a Itália chegou a 700 mortes por dia e ficamos todos horrorizados. Já superamos quatro vezes a Itália e os números não param de crescer. E no ritmo de vacinação que estamos, levaremos cerca de dois anos para vacinar todo mundo. Enquanto isso, o que fazemos? Protestos pelas redes sociais. O que está por trás da nossa passividade?

 

Como conseguimos ficar na fila, sabendo que podemos ser um dos próximos a morrer? Outros povos, aqui perto, como o Paraguai, foram para a rua exigir a troca de presidente. Aqui não conseguimos nem mesmo dizer: “enquanto não houver vacina, não saio de casa, como um protesto silencioso ao descalabro que o governo federal nos impôs”. Qual a força que move nossos sentimentos? Estamos tristes e o mais duro é saber que se trata de uma tristeza que poderia ter sido evitada. Pelo menos, em parte. Talvez você pergunte, como evitar? Nesse momento, temos que exigir vacinação em massa. Só depois de tudo juntaremos nossos pedaços. Mas sabe-se lá quando!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *