Receita para criar 50 Vales do Silício

No CITE, movimento criado para tornar Porto Alegre e região mais inovadores, circulam muita informação. Escolhi trechos do artigo Turn Detroit Into Drone Valley, de Marc Andreessen, cofundador de um grande fundo de capital de risco. A receita para criar o “próximo” Vale do Silício é mais ou menos assim: Construa um parque tecnológico grande, bonito e equipado. Misture laboratórios de P&D e centros universitários. Dê incentivos para atrair cientistas, empresas e usuários. Conecte a indústria através de consórcios e fornecedores especializados. Proteja propriedade intelectual e transferência tecnológica. Estabeleça ambiente e plataforma regulatória propícia para negócios.
Essa abordagem de clusters de inovação não funcionou. Alguns rejeitaram a ideia de esforços vindos do governo, mas o setor público segue procurando o próximo Vale do Silício por conta da proximidade entre inovação tecnológica, crescimento econômico e oportunidade social. Esforços anteriores falharam. Entre as razões, o fato de que o que vem do governo por si só não atrai. Recentemente, um grupo focou na construção de comunidades empreendedoras, hubs e distritos urbanos e hackspaces. Mesmo assim, ainda não sabemos como criar um ecossistema empreendedor. Ora agimos fixados em infraestrutura, ora de olho apenas nas redes. São esforços que não integram os caminhos, com governo, academia e comunidades empreendedoras em sintonia, como foi no Vale do Silício.
O setor público não deve copiar o Vale, mas saber onde investir em cada região e remover os entraves regulatórios. Não queremos 50 Vales do Silício e, sim, 50 possibilidades em diversas áreas. Um Vale dos Drones, onde se eliminam as barreiras legais locais para veículos aéreos não tripulados. Um Vale dos Carros Autônomos em uma cidade que permita experimentar diferentes designs de carros que andam sozinhos, vias redesenhadas e regras de segurança. Um Vale das Células Tronco e assim por diante.
O foco é gerar competitividade regulatória entre governos municipais, estaduais e federais. Há muitas categorias de inovação e empreendedores ansiosos por oportunidades. Repensar as barreiras regulatórias em indústrias específicas atrairia mais startups, pesquisadores e divisões de grandes companhias que querem a vanguarda de um setor específico. Outra vantagem desta abordagem é a diferenciação entre clusters e a competição positiva pelos recursos. Empreendedores podem tirar vantagem das oportunidades em diferentes regiões, onde a inovação pode ser restrita. Mas a maior vantagem de termos 50 Vales do Silício não é só o que gera em regiões isoladas, é a aceleração da inovação no mundo. Remover regulações em regiões diferentes permite múltiplas categorias de inovação avançando, em paralelo, sem sofrer com os gargalos do tempo ou da distância.
(artigo todo em http://www.renderingfreedom.com/2014/06/como-construir-clusters-de-inovacao.html)